Sociabilidade

Camila Lima
3 min readSep 9, 2023

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Tenho pensado muito sobre isso, o momento que estou vivendo escancara essa necessidade o tempo todo. A sensação é a de que algum caminho neural se rompeu e de repente a forma como eu socializava e pensava a respeito mudou. Adquiri umas coragens novas… estar só, dizer não, ir embora… não que eu não fizesse isso antes, mas hoje faço sem medo. Faço, observo e sigo.

Esses dias, ao ser confrontada por uma pessoa que me chamou a atenção de que eu, segundo ela, estaria ficando antissocial e por vezes rabugenta, me peguei pensando o seguinte: se eu continuar assim, como vai estar a minha vida em 2 anos… em 5 anos. A resposta me fez até deixar uma lágrima escorrer, de tranquilidade, felicidade, gratidão.

Sempre fui coração mole, peito aberto… eu não mudei isso mas tive que rever minhas prioridades, eu não posso estar disponível para o mundo e indisponível pra mim, pro meu querer, pra minhas necessidades.

Algumas relações que vivi aparentemente eram baseadas na confiança de que eu sou a pessoa que diz sim… bastou a palavra ‘não’ sair da minha boca em algumas relações e ambiente quando resolvi me impor e foi um efeito dominó… pouca coisa ficou de pé. E eu falo isso como observação, não é uma coisa triste… hoje estou bem melhor lidando somente com o que ficou de pé. Eu sei, visto de fora parece meio triste mas, não é… eu tô tão orgulhosa de mim rsrs

A tristeza na verdade está no fato de que, ao perceber as relações que só existiam na minha vida pq eu regava sozinha, eu acabei desacreditando das pessoas. É como você já conhecer a beleza e a liberdade de uma borboleta e ver ela escolhendo voltar pro casulo… existe um novo processo de transformação pra acontecer. Como eu não tenho o poder de resolver os problemas de relacionamentos que houveram entre mim e outras pessoas sozinha, eu escolhi investir no único relacionamento que posso dar conta.

Eu estou no início de um relacionamento que eu pretendo que seja o mais estável e sólido da minha vida, uma relação de cuidado, respeito e conhecimento. Quero que seja uma relação que olhe pra todas as dores de frente, que não finja que elas não existem, que respeite o sentir, o pulsar e a repulsa com a mesma força. Essa é a relação que quero construir comigo e é por isso que estou cada vez mais aparentemente sozinha.

Quando pensei em como eu estaria em 2 anos ou em 5 anos e não vi nenhum problema nesse prognóstico, é porquê só eu sei o que está sendo feito e refeito em mim, por dentro e por fora, só eu sei onde estou investindo meu tempo e minha energia, e é olhando pra tudo isso que a sensação de encarar o que vem pela frente é tão gostosa.

Algumas pessoas continuarão comigo… algumas pra sempre, outras não… algumas chegarão mais perto, outras não… mas nenhuma delas vai mais ouvir de mim um ‘sim’ quando eu quiser dizer um ‘não’ e vice-versa, eu pago o preço pela liberdade e o desejo de ser de verdade comigo mesma.

Meu desejo de socializar anda incrivelmente baixo, e a tendência é diminuir… mas ta tudo bem, inclusive fazia tempo que as coisas não estavam tão bem.

Gratidão aos dominós que restaram de pé ❤

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Camila Lima

Uma escritora culposa... textos baseados em fardos reais.